03:20h

Nunca foi tão dificil saber como começar uma carta, antes tão facil,
e agora, ás três e vinte da madrugada, procuro as palavras certas,
mais temo que elas hoje, sejam pouco amistosas. Onde achar animosidade
para quando penso em você?
Guardei dores, palavras, gestos por meses a fio.
E por muito tempo você desejou que eu apenas
não guardasse, na esperança de que tudo isso, aliviasse
a dor que você carrega. Minhas palavras andaram muito
ocupadas, vigiando minhas ações, meus desvaneios.
E minha dor, pareceu desatenção para você. Já não durmo
de tando amor congestionado, de tanto desejo reprimido.
e a solidão agora, é minha companheira.

Minhas atitudes lhe pareceram egoísta.
Na falsa ilusão de te explicar que tudo que fiz,
foi para presevar. Ouvir sua voz me chamar de
altruísta.
Fui induzida ao erro, de achar que se pode medir o amor,
entre maiores e menores. Eu errei por não valorizar
o risco, pelos beijos dados, pela ausência, eu errei
com você.
Não quero pedir nada mais além de sua compreensão,
essa carta nem era pra pedir, era pra doar.

Te peço que lembre de mim, como alguém que
sentiu por você, a mesma medida do seu sentimento,
a mesma intensidade das duvidas, das dores,
das noite mal dormidas.e a mesma saudade.
Desculpe as palavras covardes, é que as que se julgam
corajosas, se esconderam dentro de mim, por achar
que já foram redigidas. E que estas saibam, que as corajosas
mesmo, foram as que foram ditas no começo de tudo,
quando não saibiamos o que viria, e ainda sim,
foram febris e marcantes.

Nunca soube como terminar uma carta, ainda mais essa.
queria dizer que pelo tempo que vamos ter pela frente sem
se ver, pela saudade que ainda vai nos sufocar, pelos incontaveis
dias em que você vivera longe de mim, e eu de ti.
pela nossa falta de fé, pelos poucos sins que te dei,
e pelos gritantes não que lhe promovi, acredite:
te amei mais que a mim.



Keylla Maynne.