terça-feira, 16 de julho de 2013

O amor é estranho

A fotografia perdida no meio de tantas outras. Para uns parecia apenas mais uma, mas não pra ela.

- O café está na mesa. - Foi com essa frase que ele a acordou. Um beijo no pescoço e três em cada parte do rosto. Puxou levemente sua mão e disse:

- Deixa de preguiça! Vem cá tomar café comigo.

Por um instante ela fechou os olhos e lembrou de todo seu passado. Da dor da infidelidade, da falta de compreensão, do carinho que nunca chegava. Pensou que tudo seria um sonho. Manteve seus olhos fechados e deitou-se novamente. Ele a olhava com aquele olhar intrigado de quem não entendia seus gestos.
Mas era um cara muito respeitoso.

Sentou e, enquanto tomava seu café preto, passou a analisar cada curva do seu corpo. Ela parecia tão frágil, que ele sentiu vontade de cuidar dela por todos dias. Ela era diferente de todas.

Enquanto ele tomava seu café, ela o olhou por entre seus olhos cerrados e se perguntou se merecia tanto. Observou cada fio da barba bem feita e do cabelo desajeitado, do ar despojado que tinha. Ele era diferente de tudo que ela tinha tido na vida.

O silêncio só foi cortado quando ele disse:

- Você não vem mesmo?
- Vou sim!
- O café já está frio, mas tem o suco que você ama!
- Não acredito que você comprou...
- Eu disse que você iria lembrar desse dia por muito tempo, não disse?

E assim foi. Eles se reconheceram um no outro. O amor que ela sentia por ele só crescia a cada dia. Ele a via como a mãe dos seus filhos. Um dia até discutiram os nomes. Fizeram promessas de treinar todos os dias. Assim como os casais apaixonados fazem. Amaram- se sem hesitações.

No dia inesquecível, enquanto ele tomava seu café e lia o jornal, ela o fotografou.
A fotografia perdida no meio de tantas outras, pra uns parecia só mais uma. Mas para ela não. Para ela era a lembrança e a certeza de que ele tinha sido o amor da sua vida. E disse:

- O amor é estranho. Tem dessas coisas de continuar amando sem se importar se estarão juntos ou não. 

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